domingo, 27 de junho de 2010

Vocação para amores platônicos

Nem parece que um dia teve o coração roubado. Aquelas lembranças, platônicas, parecem mais de outra que dela. A solidão passou a ser amiga ao invés da temível inimiga de sempre, por algum tempo e até agora, tem a considerado até bem vinda. De alguma forma aprendeu a gostar dela mesma e assim a conviver com as contradições, as emoções e a determinação que poucas conseguem ter. De um beijo roubado passou para dois, de dois para três e daí virou um hábito...
Amor, paixão, excitação, traição, ódio e indiferença podem ser sinônimos dependendo do prazo, da pessoa e da condição. No entanto todas elas precisam de alimento, sem ele nada existe tudo é apenas voluntário, simplificado pela atração. Quer confundi-la? A ame. Dê corda e ame um pouco mais, depois desapareça, antes que ela faça isso por você. Depois volte, roube outro beijo e caia naqueles braços. Parece fórmula? Então, não a siga, pois essa ela já conhece de cor.
Por falta de um amor tranqüilo preferiu partir ao amanhecer e passou apenas a sentir resquícios de uma tentativa de amor. Percebeu que todos tinham algo semelhante: eram vazios e mentirosos. Perdeu o ar de bonequinha de porcelana e com ele a vocação para os amores platônicos.

sábado, 19 de junho de 2010

Clara em busca da Clara

Alguns homens, mesmo não sendo o mais atraente da espécie, sabem como merecer um beijo, a atenção ou apenas uma relação amorosa casual. Jonas era um desses caras incríveis, naquela noite de agosto, ele fez por merecer o beijo que roubou de Clara. Não pense que o cara mais incrível é o mais belo do bar. Ele pode ser desajeitado, gordinho e até feinho... Mas sabe qual é o diferencial? Ele é divertido e consegue prender a atenção como poucos.
O celular tocou, quando Clara atendeu a mensagem luminosa, “Oi amor “, piscava na tela. Ela tinha se ausentado da mesa por alguns minutos... Jonas, com a ajuda da prima, pegou o celular dela e acrescentou na agenda um novo número e o novo contato atendia pelo nome de OI amor. A amiga de Clara pegou o celular dele e ligou, o nome "Oi amor" apareceu na tela. Clara ficou desentendida sem compreender o que estava acontecendo. Como ninguém respondia do outro lado da linha, ela acabou saindo da mesa para atender o celular. Minutos depois estava falando com Jonas. A brincadeira não foi aceita de imediato por ela, mas até o final da noite, o jeito galanteador de Jonas havia conseguido domar a raiva de Clara.
Jonas foi deixar Clara em casa e a única coisa que ela consegue se lembrar é que se derreteu, ficou enfeitiçada por um único beijo. Era como se ele tivesse conseguido tocar na alma dela e roubar metade do coraçãozinho da Clara. Esperto ele foi garimpando até se estabelecer como dono.
Aquela seria a primeira noite de muitas, o primeiro encontro de uma relação torta que deu certo enquanto o amor durou e que é inesquecível até ontem, quando ainda restavam ressentimentos e amores incompreendidos.
Clara, assim como eu, a Nina, a Alessandra, a Bianca e tantas outras perdeu a identidade. Desaprendeu a conviver consigo mesma, perdeu a oportunidade de saber quem era e busca desesperadamente por ela. A noite não tem medo do escuro e sim da solidão, se sente velha com 27 anos. Mas mesmo com tantas coisas aprendeu a ser bonita, ou melhor, a se sentir bela. Talvez esteja aprendendo que beleza é uma questão de estado de espírito. Depois de ser traída e de muitas brigas intermináveis resta a esperança de encontrar um amor tranqüilo.

Clara sonha com os príncipes. Malditas histórias infantis cheias de princesas sendo salvas por homens encantados!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O primeiro episódio

" Como vai você? " O bilhete rodou toda a primeira fila da sala de aula, passou de mãos em mãos, até chegar ao Pedro Henrique. Estávamos no terceiro ano do segundo grau, era o último ano que estudaríamos juntos. O garoto respondeu, exatamente o que eu queria ouvir, o segundo verso da canção: " Eu preciso saber da sua vida". Era a primeira vez que sentia borboletas no estômago e uma vontade incontrolável de gritar: Eu amo o Pedro! Aos 16 anos, era absolutamente boba, permiti que o primeiro homem da minha vida me magoasse, por oito longos anos. Com ele se iniciou um circulo vicioso que se repetiu anos mais tarde com uma intensidade diferente. 
O Pedro não estava apaixonado, mas foi esperto o suficiente para me fazer acreditar que estava. 
- Nina, não posso ficar com você agora. Não sei onde estarei morando daqui três meses, prestei vestibular no País inteiro. E eu gosto de mais de você para te perder daqui um mês.
Alguns anos mais tarde, com um outro personagem....
- Minha vida é muito arriscada, além é claro da distância geográfica, mais de 500 km de distância.
Meses depois, com um novo paquera ...
- Quero que você venha morar comigo. No outro dia ... O telefone nem atende.
As vezes encontramos amores que não acontecem, na minha lista contabilizo de 3 a 5 desses. E foram eles que levaram minha auto-estima ao mais baixo dos níveis e foi por eles que recuperei o que havia perdido.

Sendo você solteira acredite que amores impossíveis, improváveis e mentirosos não valem a pena!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Entre dois beijos

Fiquei em dúvida se queria ser beijada pelo Marcelo ou se seria melhor outra dose dos beijos 'calientes' de Maurício.
Sim, lá estávamos nós, três amigas sozinhas num desses bares da moda onde os solteiros costumam frequentar. Pois bem, aqui em Goiânia pela proximidade com Brasília é comum encontrar homens da capital federal a procura de uma aventura de fim de semana.
Mas porque mesmo estava em dúvida? Para começar Maurício tem 22 anos, estuda, trabalha, tem namorada e uma pegada inesquecível. Marcelo é mais seguro de si, com seus 28 anos é solteiro, formado em direito, trabalha e estuda para passar em um concurso público.
Então, me permiti ficar na dúvida, já que sou uma goiana solteira de vinte e poucos anos, que passou por uma série de desilusões amorosas, incluindo um ex-noivado - com um homem que se descobriu gay. Por uma simples questão de mercado, fui aprendendo a controlar a sensação de tristeza e a fragilidade que nós mulheres costumamos aparentar. Por intuição resolvi jogar a isca e ver se Marcelo fisgava...
Ficamos quase uma hora esperando pelos garotos de Brasília. Minhas amigas estavam super envolvidas com as mesas ao lado, parecia que tinham "homens interessantes" por perto. Não sei se por costume ou por algum tipo de covardia eu só conseguia mesmo era olhar para a tela do celular. E os minutos voavam. Nem a bebida parecia ter o mesmo sabor, o drinque esquentou antes mesmo de chegar a metade.
Maurício, Marcelo e Vítor surgiram. Diante do que observava cada um deles procurou uma das extremidades para se sentar. Ficando Maurício e Marcelo um de frente ao outro, sendo que Marcelo ficou do meu lado. Um pouco mais tarde percebi que sentar um de frente ao outro nada mais era que um truque deles para facilitar a comunicação visual.
Do bar fomos para a balada. As minhas amigas decidiram ir para suas casas, enquanto eu, como boa anfitriã, os acompanhei a Sedna. Em noite de Open bar, o álcool foi ingrediente perfeito para os beijos que troquei com o Marcelo. Bem, o Maurício até tentou e chegou a insistir, mas por uma questão de princípios, decidi que desta vez bastavam os beijos do amigo.